quarta-feira, 3 de março de 2010

Graça Campos:Três Poemas Essenciais






Graça campos fala com a alma , que é muito iluminada, da mesma forma que pinta seus quadros:com equilíbrio ,delicadeza e...graça!
Abaixo, três de seus belos poemas e acima, fotos da artista e poeta.


Os lilases da fábrica

Silêncio!
Hoje, só por hoje
As máquinas estão paradas
Mudas... Frias...
Há um silêncio a ouvir nossos apelos
Atiçaram o fogo, queimaram nossos cabelos
Nossas cabeças estão intactas
As vestes foram despedaçadas
Os sonhos continuam inteiros
c
A fumaça atingiu as mais altas camadas
Em pleno feitio de vestes lilases
A imensa rosa púrpura em chamas
Levou para os céus os modelos do dia

Novo hoje!
Esplêndido manifesto em outdoor
Em espaços múltiplos ostentam
De corpo e alma emoldurada
A rosa incendiada transmutou
E declarou a evolução
Em novos tons da cor lilás...


Cor de Rosa

Hilariantes tons do mundo cor de rosa
Rosas do gênero
Cheiro de flor menina
Da cor dos lábios e do gineceu
Pétalas delicadas
Em banhos de perfume
Rosas despetaladas lençóis dos amantes
Rosas que coroam as frontes das nubentes
Rosas do amor das deusas,
E das puras madonas
Rosas de Isis
Dos buquês das noivas
Dos enamorados
Do Amor...


DOR CALADA

Em nome do amor próprio
Tenho hoje coragem
Inda uma coragem fraca talvez
Mania de esconder
Até o medo...

Nem toda vez pude gritar
Pedir socorro, meus ais
Aos socos, pontapés
Vi-me no chão de mim mesma

Pior então quando acusada
Sem motivo sem saber do quê
E eu tinha de ceder, ceder
Perdida em desvalor me encontrava
E me sentia das criaturas a pior

Há um provérbio então que diz
"Em mulher não se bate nem com flor"
Pois não, Maria da Penha!...


DOR e LIBERDADE


No meu íntimo rajadas de silêncio
Percorrem toda ausência
Um flautista percebe a minha dor

E a flauta chorou...

Antes fosse da flauta a dor aguda
De cada nota “AI” em tom vibrante
Fitou-me a flauta e flautista docemente

A dor que me machuca
É de alma triste, violada, muda
Descontente

Uso batom vermelho e toda gente
Só vê riso rasgado em minha boca
Meu olhar sem vida eu disfarço
Perdida em devaneios e descrença

E a flauta continuou...

Soprou meus ais pra bem longe dali
Buscou serena brisa e me entregou
O som da liberdade desejada...


Graça Campos
Belo Horizonte, 30/08/2009.

Divulgação:
Clevane Pessoa

Um comentário:

  1. Obrigada, querida,
    pelo espaço poético divulgando minha poesia! E pelas apreciações.
    Que todas nós tenhamos um lindo DIA em comemoração à mulher com festas, respeito e muito carinho especialmente no dia 08 deste mês.
    Beijos,
    Graça Campos

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