quarta-feira, 31 de março de 2010
Projeto Usina de Sonhos na escola
Agora em maio,o IV festival Internacionald e Poesias da usina de Sonbos...
E...
Abaixo, uma bela experiência do ano passado ( em http://educarparacrescer.abril.com.br/aprendizagem/cidade-versos-423851.shtml):
26/02/2009 16:15
Texto
Murilo Barbosa
Foto:
Professora com os alunos fazendo um painel de poesias, atendendo ao Projeto Usina de Sonhos, no Instituto Usina de Sonhos.
"Era noite de Lua cheia, sexta-feira, 13 de junho. Mas, no pátio do Hotel Fazenda Santa Paula, nada de mau agouro. Só as boas energias de cerca de 150 pessoas, que celebravam o prazer da poesia em volta de uma fogueira bem armada, dançando quadrilha e declamando versos - um verdadeiro sarau caipira, encenado por artistas da região. Estava aberto oficialmente o II Festival Internacional de Poesia de Dois Córregos, cidade a 288 km de São Paulo, que levou para o evento apaixonados por imagens e palavras, como a poetisa argentina Graciela Wencelblat, o poeta Arnaldo Antunes, o embaixador Jerônimo Moscardo, presidente da Fundação Alexandre de Gusmão (Funag), do Ministério das Relações Exteriores, e a presidente da Câmara Brasileira do Livro, Roseli Boschini. O Sol caminhava no horizonte e a cidade também se aquecia com recitais, saraus e palestras. Todos pareciam envolvidos em prazerosas conversas literárias, que só terminaram no domingo.
As energias das tuas presenças
Têm a abundância do mar
Marcam as praias do meu corpo
Deixam espumas em minhalma
José Eduardo Mendes Camargo
Os versos de autores desconhecidos, aliados aos de consagrados como Guilherme de Almeida, Carlos Drummond de Andrade e Manuel Bandeira, declamados no sarau de abertura, encantaram a poetisa Graciela. "Falar de poesia não é comum, lê-la menos ainda, e aqui parece ser uma atividade que faz parte da essência da cidade", definiu ela, em um castelhano lento e comedido, o mesmo que usou para falar sobre "lo inquietante de la poesia". "Mesmo que não exista uma demanda social, a poesia não morrerá, pois depende apenas de um impulso sutil, quase espiritual, para que se acenda em quem a produz, quer queira ou não", arremata a poetisa argentina.
A satisfação de Graciela não é incomum para quem vai a Dois Córregos. Com cerca de 25 mil habitantes e economia baseada na cultura da cana-de-açúcar e macadâmia e na indústria de móveis, o pequeno município (uma rua principal e quatro ou cinco travessas) ousa, no melhor sentido, levar adiante um projeto de inclusão cultural por meio da poesia, envolvendo escolas, empresas, comércio. Ali, todo mundo faz poesia: o cortador de cana, o operário, as mulheres da penitenciária local, o empresário, as crianças, as professoras, o industrial e o aposentado.
O projeto, chamado EntreVersos, foi idealizado pelo empresário e poeta "dois-corrrrrguense" (a pronúncia é assim mesmo, com erres carregados) José Eduardo Mendes Camargo, 48 anos. Ele, que tem publicados três livros, namorava a poesia desde a juventude, mas só teve coragem de encará-la como um ofício aos 40 anos, já pai de duas filhas e dono de uma carreira de sucesso como fazendeiro, industrial e professor de administração rural da Fundação Getúlio Vargas. "Se o contato com a poesia me fez tão bem, por que não faria a outros?", comenta Camargo. "Estimular a criatividade pode não ser o suficiente para gerar novos poetas, mas é indispensável para a formação de seres humanos mais críticos e cidadãos íntegros." A iniciativa deu tão certo e envolveu tanta gente que, por causa dela, nasceu a ONG Instituto Usina de Sonhos (www.institutousinadesonhos.org.br), em 1995.
Por meio de parcerias com o poder público local, a Usina de Sonhos assumiu a missão de transformar a realidade com poesias. Começou com as escolas, treinando professores, que usam os versos em sala de aula e estimulam a expressão desde as séries pré-escolares. Deu certo. A cidade hoje comemora a quarta posição entre os dez únicos municípios brasileiros que ficaram com nível superior a 6 no Índice da Educação Básica (Ideb), divulgado recentemente pelo Ministério da Educação (esse índice é o resultado do rendimento escolar e a média de nota dos alunos nas provas do sistema nacional de avaliação básica Saeb e na Prova Brasil. Segundo o Ministério da Educação, o sistema educacional dos países desenvolvidos apresenta número igual ou maior que 6, enquanto a média do Brasil é 3,8). "Com certeza, a atividade com poesia responde por parte desse sucesso, aliada a um bom trabalho das escolas, pois melhora a leitura e o entendimento dos alunos", explica Rosa Laura Calacina, secretária da educação do município. "
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