quarta-feira, 13 de maio de 2009

Geraldo Maia Arquitetura do Silêncio




Em Arquitetura do Silêncio, a metapoesia de Geraldo Maia,atinge alturas e silêncios muito ricos, grávidos de palavras.

Clevane pessoa

ARQUITETURA DO SILÊNCIO

a poesia é a linguagem Divina
Por isso é preciso se ficar em silêncio
Só a poesia fala e tudo o mais a escuta
Quando o poeta recita DeusaDeus está se expressando
O poeta é o canal de expressão e a poesia é o enigma
da Divindade em cada um de nós
O poeta então é um instrumento de DeusaDeus
e a poesia o seu mistério
A todo instante a poesia traz uma mensagem
da Divindade
Em cada lugar, em cada montanha, mar, em cada rio
em cada sombra, luar, em cada frio
em cada sol, folha, pedra, grão
em cada pássaro, pedra, em cada verme
No pão, no lixo, no risco, no corisco
no silêncio, grito, sussurro canto
A poesia está no riso e no pranto
no ódio e no amor
no rio e no calor
no terror e na oração
A poesia não tem horários
nem pátrias, nem cor, nem crenças, nem sexo
nem partido, nem preço, nem endereço, ou veste
Mas a arquitetura da poesia está no silêncio
e a poesia é a arquitetura do silêncio
O momento da poesia é só silêncio em sustenido
Esse momento nasce em você
você dá a luz à poesia
Por isso poeta (poetisa) é mãe e pai
e a poesia salta de dentro do mistério
E isso não é lógico nem racional
Apenas uma verdade poética
A verdade lógica é fruto da mente comum
A verdade poética é misteriosa e extraordinária
Não dá para argumentar com ela
Poesia é arte, não é lógica
não é ciência "in vitro"
E a arte não é um argumento
Não dá para argumentar com ela
Poesia é religação com a Divindade
que através dela Se manifesta
E religar-se com o Divino
e religar-se consigo
A poesia não se incomoda com argumentos
com a lógica porque é mistério
è o desconhecido em cada coisa
Em cada Ser se parindo
A poesia é tão poderosa que pode seduzir
qualquer pessoa a qualquer momento
para dentro de si mesma
Esse é o poder imenso da poesia
um poder hipnótico, revolucionário
e auto transformador
que você se sente absorvido para dentro dela
que o devora e cospe
o que há de morto no seu interior
Nesse instante nasce a poesia em você
sem que haja necessidade de convencimento
O poeta não tenta convencer
se alguém fica convencido, tudo bem
Se não fica convencido, tudo bem
Convicção não tem muita importância
Se você for convencido através de argumentos
jamais se tornará um poeta
vai se tornar um filósofo
um político, um professor, um fanático
mas não um poeta
A poesia é como o amor
Acontece sem qualquer razão
Você não pode provar nada, não é necessário
Só é necessário provar algo se você quer um empréstimo
Ou se candidatar
ou vai prestar exames ou está no laboratório
A poesia acontece tão subitamente
que não há intervalo de tempo
O poeta se apaixona rápido
e você se apaixona rápido pelo poeta
Não há como explicar, como provar
E se alguém fala mal de um poeta
É contra um poeta
É muito fácil provar algo contra o poeta
Impossível é provar algo a favor do poeta
Não há provas concretas, científicas, materiais
Só uma relação de entrega profunda
de confiança profunda
de paixão profunda
de cegueira profunda
Mas essa cegueira exterior se torna
uma profunda visão interior
da Divindade em si
Os poetas não podem ser aceitos em qualquer lugar
Os poetas só podem ser aceitos no coração amoroso
O poeta não pode ser absorvido por qualquer coisa estabelecida
Só um envolvimento pessoal, um coração amante e muito louco
pode se tornar o lugar do poeta
Porque o poeta cria o caos no coração das pessoas
O poeta está interessado em demolir
a estrutura morta existente no interior de cada pessoa
O poeta quer conectar cada ser humano
com suas raízes Divinas originais
Afundá-lo em seu próprio poço primal
E torná-lo à tona outra vez
no grito silencioso da poesia
O poeta diz que tudo é simples
Para o poeta tudo é mesmo muito simples
Ele sente e reflete a simplicidade da terra, do ar, da água
do fogo, do éter, das folhas, dos olhos, das mãos, do beijo
Para o poeta tudo é mesmo simples
mas prenhe se significado
de essência
de um sentido intrigante
agudo, encantador, profundo
e misterioso.
De antro.

Geraldo Maia

Fonte:http://muraldosescritores.ning.com/profiles

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